quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Homenagem a José Gaudi Cardoso


Gaudi se foi e com ele uma parte importante da memória da Universidade Rural da qual era o guardião se perde: uma memória viva da instituição que o viu crescer e onde ele arregimentou uma legião de amigos ao longo de seis décadas. Nos últimos anos,Gaudi se tornou um exemplo de dedicação à Universidade Rural, dando sua parcela de contribuição para que o patrimônio arquitetônico, paisagístico, artístico e científico ímpar seja preservado, estudado e divulgado... fiel a crença de que a alma de uma instituição é sua memória e o esquecimento sua destruição ...

Menino ainda já participava das memoráveis Semanas do Fazendeiro, nos final dos anos 50 e inicio da década de 60. Foi contratado aos 14 anos pela UR, com publicação em diário Oficial, como lembrava hoje uma amiga, para atuar na Escola Nacional de Veterinária, de onde veio o apelido de ‘secretário’ por sua ligação com os professores Yderzio Vianna e Jadyr Vogel, este último a quem considerava seu padrinho.



A paixão de Gaudi pelo cinema o fez abandonar a segurança de um serviço público pela oportunidade de trabalhar na fábrica dos sonhos editando e filmando, em uma época em que os ‘cortes’ eram feitos literalmente à tesoura. Na década de 90, o trabalho de editor já exigia novas tecnologias que Gaudi não dominava – a era digital se instalava deixando para trás o trabalho artesanal de edição de imagens. Fora do mercado das produções de imagem, Gaudi retorna para seu primeiro e derradeiro amor: a Universidade Rural.

Na última década Gaudi contribuiu de forma importante – voluntária e dedicada – para a preservação da memória da UFRRJ: inicialmente colaborando com a criação do Centro de Memória, sob a coordenação da professora Maria José, e posteriormente – devido a sua vasta experiência cinematográfica - gravando os mais variados eventos acadêmicos e culturais. A partir de 2005, quando se demandava uma filmagem na UFRRJ, a referência era Gaudi.

Foi um colaborador sempre disposto e dedicado quando se tratava da divulgar cultura e preservar memória da instituição. Gaudi não filmava apenas eventos, ele registrava a história viva da UFRRJ. Dessa forma, colaborava constantemente com o Decanato de Extensão, o Centro de Arte e Cultura, o Cine Casulo, o Coral, e principalmente, o Centro de Memória que ajudou a criar em 2002 e para o qual voltou em seus últimos anos...

Gaudi era tão atuante, presente e comprometido que muitos pensavam que ele era um servidor efetivo, quando na maioria das vezes sua atuação era voluntária, ainda que extremamente profissional. Um exemplo de dedicação e amor à Universidade Rural.

Sua grande preocupação era com a memória que se perdia a cada bandeira estendida a meio pau na frente do P1... com as histórias que antigos servidores não contariam mais... As histórias da construção do campus, os ‘ditos e feitos’ dos professores catedráticos, o cotidiano efervescente do campus, as festas de carnaval organizadas pelos residentes nos anos 60 e 70, as disputas entre ‘capagatos’ e ‘verdureiros’, as competições esportivas, os bailes...

Nos últimos anos, Gaudi não perdia uma reunião da ADENA, segundo sábado de dezembro... ouvia histórias, reencontrava amigos ... filmava, registrava, memorava ... Gaudi contribuiu para o resgate e a preservação da memória da UFRRJ como poucos o fizeram e com uma paixão e dedicação únicas... Com as comemorações do centenário de origem da UFRRJ, ele se tornou indispensável, um prestador de serviços autônomo imprescindível, onipresente, impagável... em todos os eventos, pequenos ou grandes, diurnos ou noturnos, lá estava ele e a câmera... sempre bem humorado...um tímido cativante ... inesquecível...

Nossa maior homenagem é preservar o que ele tanto amou: a memória da UFRRJ..a memória de todos nós....

Hoje seus amigos da Universidade Rural se despediram dele... a maioria o conhecia há décadas... outros eram mais recentes...todos o amavam....

Sentiremos saudades... mas jamais o esqueceremos...


Lucília de Paula, em nome de toda a equipe do Centro de Memória....

Seropédica, 15 de agosto de 2012

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